domingo, 25 de novembro de 2012

- Xaxim -

Acrílico sobre tela - 20 x 30cm - 2012

Dando continuidade ao post anterior que mostrou um pouco do processo de criação da capa do disco "Xaxim" do músico Felipe Ávila, hoje trataremos aqui do resultado final, com a arte que foi escolhida para ilustrar o trabalho do Felipe.

Depois de muitos esboços, tentativas e erros, resolvi que já era a hora de ousar, pois ainda não tinha conseguido fazer um trabalho que causasse aquela euforia tão esperada após concluído (ou pelo menos, algo próximo disto). Nos modelos anteriores, eu tinha focado na ideia de um mundo à parte dentro de um xaxim, seguindo mais ou menos a linha de raciocínio que Felipe havia me passado, mas algo não estava saindo do jeito planejado. Pra complicar ainda mais, eu tinha feito alguns desenhos antes mostrando um vaso de xaxim (mostrados no post anterior), mas Felipe tinha sugerido para que eu não me prendesse demais no modo tradicional do xaxim, no formato de vaso, buscando assim fugir dos estereótipos... aí pronto! E como fazer isso? O principal problema passou a ser encontrar um meio com que o espectador identificasse facilmente o xaxim na cena e ainda por cima, que estivesse dentro da proposta do disco, mostrando algo fértil e futurista.

Capa do disco "Xaxim" de Felipe Ávila


Eu tinha gostado bastante da ideia de um dos modelos que foi mostrado no post anterior (o primeiro modelo), onde mostrava um pouco do limite da atmosfera que envolvia o mundo que o xaxim abrigava. Decidi então radicalizar e ignorar a sugestão de Felipe e apostar no que eu tinha em mente para este novo modelo. Surgiu a ideia de fazer uma variação, mas de um ponto de vista mais amplo, como se o próprio xaxim, bastante fértil, envolvesse todo um planeta em órbita. A ideia empolgou, pois era algo bem futurista, diferente e esteticamente agradável. A imagem ainda dá margem a muitas diferentes interpretações, como um planeta no universo, que pode muito bem ser relacionado ao universo musical. O disco Xaxim, apesar de estar dentro do gênero Jazz, se comunica com outros estilos e a imagem se tornou um tiro certeiro pois mostra um pouco dessa universalidade do ótimo disco de Felipe.

Apesar de ser muito mais elaborado do que os anteriores, esta terceira tentativa (que comigo mesmo eu já considerava como a última) levou menos tempo para ser produzida do que as anteriores. A ideia brotou, como num lampejo, e já saiu muito rapidamente pra tela. É claro que para o trabalho sair bom eu tive que apelar para algumas referências fotográficas da Terra. Obviamente, não caberia buscar modelos equivalentes em capas de álbuns de outros artistas, afinal, a ideia era algo muito singular. Dei uma olhada rápida em alguns trabalhos do pintor espanhol Salvador Dali, citado pelo próprio músico como uma referência a ser buscada, mas também não tinha como. Nesta última tentativa eu decidi que era hora de esquecer referências de outros artistas e partir para uma coisa mais minha mesmo, o que sempre é uma boa escolha.

O resultado final me empolgou... era aquilo mesmo que eu pretendia. A cena ficou com bastante profundidade, contraste e ficou bem distribuída. Só o formato da tela e a textura (que mais tarde se revelou um problema na hora de fotografar) que foi o empecilho maior na hora de encaixar numa capa de CD, mas o mais difícil mesmo que era a ideia, já estava lá prontinha e no final deu tudo certo. Assim como a ideia me empolgou, também agradou ao Felipe que não pensou duas vezes na hora de escolher qual seria. Recentemente, um amigo meu disse que parecia até com o estilo das capas da banda Nektar (banda de rock psicodélico dos anos 70), algo que nem tinha passado pela minha cabeça... talvez se eu tivesse me lembrado no início (quem sabe?), esta ideia tivesse surgido mais rápido ou então tomado outros rumos.

Parte interna do encarte do disco "Xaxim" de Felipe Ávila

O disco, instrumental, mostra um pouco do virtuosismo de Felipe, que é um músico fora de série, acompanhado também por grandes músicos. A sua rápida passagem por Macaúbas gerou bons frutos no disco Xaxim, com as músicas "Macaúbas" (uma homenagem a cidade), "A rapadura do Galego" (em homenagem ao Galego, um dos que mantém o reisado local ainda vivo e que nos recebeu com muito boa vontade para ver a produção da rapadura em sua casa, na zona rural de Macaúbas), "Boi da cara preta" e "Caipora" (uma figura mitológica que povoa o imaginário popular e que foi assunto das conversas que aconteceram, e que Felipe conseguiu "traduzir" muito bem para a música). Para minha surpresa, um dos trabalhos mostrados no post anterior acabou sendo escolhido também para ilustrar a parte interna do álbum. Sobre o músico, Felipe fez parte, nos anos 80, do grupo instrumental "Sexo dos Anjos" que marcou época nos tempos do Lira Paulistana e das vanguardas da MPB de São Paulo.

E para quem tiver a curiosidade em saber mais sobre o disco, Felipe deu uma entrevista para o Clube de Jazz onde fala do seu novo trabalho. Quem se interessar em adquirir o trabalho do Felipe, o CD já está a venda na loja "Pop's Discos" que fica na R. Teodoro Sampaio, 763 - Loja 4, em Pinheiros - São Paulo / SP, ou através do site do próprio artista, onde também é possível ouvir a belíssima música "Macaúbas".

Para saber mais, acesse www.felipeavila.com

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