segunda-feira, 10 de junho de 2013

- Crônicas Macaubenses - Paisagismo -

Nanquim - 15 x 15 cm - 2012
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Como já tinha comentado em diversas oportunidades aqui, Macaúbas tem crescido bastante nos últimos anos e desenvolvido consideravelmente, mesmo que muita coisa ainda precise melhorar, sobretudo em algumas áreas específicas. Uma delas é o paisagismo dentro do planejamento urbano da cidade. É claro que eu não sou da área da arquitetura para falar do assunto, mas tem certas coisas que não é preciso ser um especialista para perceber quando algo não funciona bem.

Sempre que há uma reforma ou construção de uma praça local, por exemplo, uma coisa sempre se repete: muito cimento e pouca sombra (ou mesmo área verde). Macaúbas é uma cidade que tem um nível de incidência solar bem alta durante praticamente todo o ano e poucas chuvas. Partindo do princípio básico e universal de qualquer produção, quando você faz algo, não importa que seja uma casa, um livro, um filme ou uma praça, é imprescindível levar em conta as necessidades de quem vai consumir. Neste caso específico, uma praça tem que ser pensada para as pessoas que vão usufruir dela. O caso mais marcante na cidade aconteceu na época em que a praça matriz da cidade foi reformada. A Praça Imaculada Conceição tinha antes muitas árvores nativas que sombreavam praticamente toda a área, mas que tinha sido muito mal projetada, inclusive oferecendo perigo à população. Ela foi praticamente reconstruída e modernizada, o que fez com que ela ficasse com melhor acessibilidade e maior área.

O problema com a reconstrução foi que a maioria das árvores que antes sombreavam o local foram removidas, ação justificada pela administração pública por conta da nivelação que precisou ser feita. Foram plantadas muitas novas árvores na praça, mas curiosamente, pouquíssimas em áreas que pudessem dar sombras aos novos bancos que foram colocados. Como consequência, a maioria destes bancos ficam vazios durante a tarde porque estão muito expostos ao sol, salvo raras exceções. E assim como aconteceu na praça principal da cidade, outras tantas que foram construídas e / ou refeitas padecem do mesmo mal... a maioria só tem visitação a partir do fim da tarde.

A arborização das ruas é outro exemplo clássico dessa falta de projeto paisagístico. Durante muito tempo as ruas da cidade foram "invadidas" pelas árvores sempre-verde, espécie que é muito boa esteticamente para as ruas, de fácil poda, mas que causam um grande contratempo... sua raiz literalmente sai à caça de água para manter a copa da árvore sempre verde, como já indica o seu nome popular. A consequência disto foram tubulações entupidas, muros estremecidos, gente encontrando traços da sua raiz esponjosa em vasos sanitários dentro de casa, enfim, um grave erro de planejamento. Este problema tem sido gradualmente corrigido com a inserção de outras espécies, mas ainda é preciso mais atenção para o assunto.

A cena que o desenho retrata mostra dois grupos de pessoas que se amontoam conversando debaixo da sombra de duas árvores, enquanto os bancos da praça estão todos livres. A cena, ainda que tenha sido criada, foi baseada num fato que observei há algum tempo... era dia de prova do ENEM, meio dia e a praça cheia de gente prestes a fazer a tal prova. Quando me dei conta, notei que todos que estavam na praça, estavam justamente se espremendo debaixo das sombras das árvores na beira da calçada, enquanto todos os bancos estavam vazios, expostos ao sol. Uma cena curiosa que prova o quanto o paisagismo é deixado para segundo (ou terceiro) plano quando se trata de Macaúbas.


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Crônicas Macaubenses - Paisagismo de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

4 comentários:

  1. Que lindo! Consigo ver tipo... o volume das folhas da árvore, perfeito!

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  2. Valeu Yana... a ideia é essa mesmo! rs
    FaloU!

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  3. Não seja modesto, Edu! Tu és mestre em todas as áreas. Obrigada pelo apoio, amigo! Beijinhos, filho querido de Macaúbas!!!

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    Respostas
    1. Oi, Vanuza! Voltou das férias, hein!! Queria eu ser mesmo mestre em todas as coisas... ainda falta muito arroz com feijão pra isso! Valeu!

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