quinta-feira, 27 de outubro de 2011

- Orquídea -

Óleo sobre tela - 60 x 70 cm - 2011
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Antes de começar, peço perdão aos entendedores de flores que virem este post, pois não tenho certeza se a flor retratada se trata realmente de uma orquídea (nunca fui entendedor de flores). Justificativas à parte, vamos tratar aqui hoje, além da pintura em si, do comércio informal na arte (superficialmente, é claro). Vender pinturas em tela não é algo simples, isto quando se trata do comércio menor, fora de galerias e salões. Até hoje, confesso que o meu maior calvário é dar preço ao que faço... não sei fazê-lo. A razão para isto pode ter diversas explicações, mas que ainda não encontrei resposta.


A pintura de hoje é um tema que não é o meu preferido (também já tinha comentado sobre isto aqui), mas vez por outra tenho que voltar a ele, principalmente quando surge uma encomenda ou quando é feita visando o comércio local (afinal, tinta também custa dinheiro). O comércio de arte em Macaúbas (como imagino que aconteça também em diversas cidades do interior do país) é tímido e pontual, característica compreensível se levarmos em conta o tamanho da cidade e o nível de desenvolvimento da região. As pinturas preferidas pelo público transita basicamente entre imagens figurativas e bucólicas ou temas mais modernos e coloridos (este último, claramente influenciado pela mídia - entendam também como "novelas globais"). Na maior parte das vezes, este tipo de comércio é feito sem intermediadores, diretamente entre artista e interessado.

Mas fazer um trabalho assim visando unicamente o dinheiro não é garantia de venda. Primeiro, tem o investimento que é necessário fazer, depois saber o que tem mais apelo comercial e por último, mas que na verdade deveria ser o primeiro ítem a ser citado aqui, é a questão da estética, do capricho na produção do trabalho... por mais que o espectador não entenda da coisa, ele vai ter algo por dentro dizendo se a obra agrada ou não. A pintura precisa ter algo diferente, gritar para quem a observa, ser pensada nos mínimos detalhes. A pintura, e imagino que toda produção artística, busca chamar a atenção para si! Quem produz sem levar em conta tudo isto, pode até vender, mas não passará de uma peça pendurada em algum lugar, passando despercebida. Não é algo fácil, é claro... o tema é bem complexo e não se resume a tão poucos itens.

Assim como na música, quando o artista que toca apenas por dinheiro, sem paixão, não consegue atrair público, com a pintura é mais ou menos a mesma coisa, ainda que de uma forma muitíssimo mais sutil, afinal, não dá pra saber se o artista que fez, teve paixão ao fazê-lo. É preciso que o pintor acredite nela, se dedique a ela enquanto tem o pincél na mão, que tenha a ambição de querer algo além de um punhado de notas, que tenha algo pra dizer, mesmo que a primeira vista se trate apenas de algo ou alguém. Talvez a melhor saída seja pintar como se almejasse um prêmio pelo trabalho. E quem observa fará as vezes de jurado, afinal, se não é óbvio perceber a paixão do artista ao ver o produto final, conclui-se que o esmero com o que faz, seja uma declaração de paixão. Quem gosta do que faz, o faz com gosto!

Nesta pintura procurei abordar a tridimensionalidade do objeto central. Através do contraste entre luz e sombra, procurei criar a ilusão de profundidade das pétalas, das folhas, das flores do segundo plano, do escuro ao fundo. Um dos desafios desta pintura são as pétalas brancas, que apesar de puramente brancas, tem uma gama sutil de cores "escondidas", principalmente aquelas nas extremidades superiores, que estão na penumbra das folhas. Tem também a textura, outro ponto crucial. O aspecto de "roupa amassada" é importante para dar um ar mais real à pintura (um ponto que acabou não saindo exatamente como eu queria), como também acontece com a desigualdade das folhas, que não tem um recorte perfeito. Tudo isto, em conjunto, faz a diferença. A pintura teve como base a fotografia de um amigo meu... o que fiz foi mudar um pouco o enquadramento das flores e colocar mais contraste.


Licença Creative Commons
"Orquídea" de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Unported.

4 comentários:

  1. Errata: Fui alertado pela Maria Lúcia França, artista de mão cheia (e dona do blog que leva o nome dela), que a flor da pintura não é uma orquídea como eu pensei, mas sim um exemplar da espécie "beijo"... o problema é que eu já coloquei tudo (o selo do creative commons, a imagem, o link do post e etc) como orquídea, e pra mudar, seria preciso deletar tudo e fazer novamente. Pra evitar a trabalheira toda, combinamos assim: é uma "orquídea de analfabeto em botânica", mas também conhecida como beijo! rs

    Valeu, Maria!

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  2. Edu, quadro lindo, você está pintando cada vez melhor, parabéns.
    beijo

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  3. Edu, embora não seja uma orquídea a pintura ficou muito boa!
    A Arte é mesmo uma mercadoria, isso está cada dia mais evidente, e não é só na área da pintura, não, é em tudo. Já desistí de continuar
    tentando; agora só pinto quando me dá na telha! e isso significa que estou pintando cada vez menos, porque cheguei à conclusão de que não vale a pena. Como não sou nenhuma "gênia", estou tranquila :)

    beijão

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  4. Eduardo, muito bom, não importa se não é uma orquidea! o importante o que passou o belo....a sua inspiração e chamou minha atenção, penso que de muitos!
    Mas....o que vc escreveu assino em embaixo, estou inteiramente de acordo, não temos muito incentivos com este governo atual e nem sabemos o que fazer para mudar, vc tem alguma idéia?
    me responda.
    mzvsc@hotmail.com

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