Acrílico sobre tela - 70 x 60 cm - 2008
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Em pintura, algumas coisas fora da tela também causam uma certa dor de cabeça nos artistas. Algumas vezes esse dilema vem na hora de estipular o preço (como foi tratado na publicação anterior), em outras é na hora de encontrar uma forma de fazer parte do meio artístico (tratado na publicação "Elis Regina") ou até mesmo, no momento de decidir qual será o título da obra.
Às vezes, o título da obra tem grande importância no trabalho, servindo mais ou menos como um fio condutor que visa levar o observador para o mesmo rumo da ideia que o artista havia planejado como objetivo. A ideia que envolve a obra é tão ou até mesmo mais importante que o modo como ela foi feita, já dizia (mais ou menos assim) o artista Marcel Duchamp. Assim como também há ocasiões em que ter um título não faz a mínima diferença. Esta última possibilidade é o caso da pintura de hoje. Pra falar a verdade, só fui intitular o trabalho agora, na hora de publicar aqui.

A ideia principal desta pintura é passar uma expressividade forte de um rosto... simplesmente. A pintura foi feita sem muito planejamento, de forma rápida, recortando propositalmente o rosto (como numa foto mal enquadrada), que nos conduz para o olhar marcante e absorto em pensamentos, um tanto disperso (logicamente, dependendo da interpretação de cada um), com olhos um poucos maiores do que a proporção normal, justamente para evidenciar a profundidade de um olhar que muito diz, mas não fala nada. Eu acho muito interessante essa coisa da comunicação muda pela troca de olhares e tentei fazer algo do tipo, entre a obra e o observador, ainda que o personagem esteja mais para alguém que olha para o vazio, pensando na vida, nas suas coisas (daí a escolha deste nome).
A escolha das cores (apenas o vermelho, o preto e o branco foram usados), foi inspirada na estética das capas dos discos da banda escocesa Belle & Sebastian, que muitas vezes utilizaram fotos com predomínio do preto com outra cor, como vermelho, amarelo, azul ou vermelho.
O personagem deste trabalho foi inventado... quando se trata de figuras masculinas, sempre aparece alguém dizendo que o personagem se parece comigo, algo que eu normalmente discordo. Talvez isto aconteça porque, obviamente, eu estou familiarizado com os meus traços e acabo reproduzindo inconscientemente isto nos meus personagens. Não é como acontece, por exemplo, nos trabalhos de Frida Kahlo, que se retratava em todos eles, ou com Hieronymus Bosch, que muitos estudiosos acreditam que ele pintava a si próprio escondido em algum detalhe da obra (como se fosse o tataravô daqueles livros do "Onde está Wally?"), como acontece na pintura "A morte do avarento".

E para quem tiver curiosidade de ouvir a entrevista citada no início deste post, ouça pelo player abaixo.
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"Meditação" de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Unported.
Faaaaaaaaaaala!
ResponderExcluirVéi, passa lá no Plano Z, tem uma surpresa pra vosmecê, mzifio!
Abração!
ML
Nossa! Mas esse meu amigo tá muito chic![risos]
ResponderExcluirGostei da sua voz, Edu. Gostei da segurança que você transmite. Parabéns, grande filho de Macaúbas!
Você merece tudo de bom e que seu final de semana seja lindo e repleto de inspirações!Beijosssss!!!
Hehehehe...de Macaúbas para o Mundo, não é, Edu?
ResponderExcluir'Stás ficando famoso, hein? Gostei do trabalho e do pequeno passeio pela Arte. Muito bom!
beijoss
Seu trabalho artístico é realmente impressionante. Parabéns por suas obras e pelo blog. Já sigo. Um abraço
ResponderExcluirRespondendo:
ResponderExcluirMarcello: E aí, graaaaande Carmelito! Valeu mesmo pela homenagem... demais!
Vanuza: Viu só! Ainda bem que não teve pergunta difícil (rs)!! Valeu pelas palavras! Bjo!
Cirandeira: Só falta agora ganhar dinheiro!! hahahaha
Bjão!
Paulo: Seja bem vindo, Paulo! Obrigado pelas palavras. Valeu!
...aqui estou a ouvi-lo desde Portugal. Esse olhar, essa voz, essa mão, essa cor e esse traço...são a sua parte na arte!!!
ResponderExcluirBjos
BIA
Obrigado pela visita; continua com trabalhos fora de vulgar e uma atitude crítica óptima. Tudo de bom.
ResponderExcluirÉ verdade, um belíssimo trabalho. Ainda lhe peço para fazer o arranjo gráfico do meu livros de poemas que nunca mais sai; estou a fazer uma edição de autor. Força, continue!
ResponderExcluirBia: Muito legal saber a quantidade de barreiras que a internet quebra... nem mesmo o oceano é páreo! Obrigado pelas palavras.
ResponderExcluirBjo
José: Obrigado, meu caro! Seria o maior prazer ilustrar o seu livro... mas faço com uma condiçãozinha: quero um exemplar também! :-D
Até!