- Depois do Banho II -

Óleo sobre tela - 20 x 30 cm - 2006

A pintura de hoje não é uma das minhas favoritas, talvez porque o desenho tenha saído um pouco estranho, desproporcional. Acredito que talvez tenha faltado um pouco de luz e sombra na toalha da personagem, pra minimizar essa impressão de desproporção. Mas apesar de não gostar desta pintura, gosto de algumas partes dela (só pra me contradizer) que por sua vez conseguem muito bem transmitir o que eu pretendia naquele momento.
Esta pintura, outro claramente inspirada no trabalho do pintor francês Edgard Degas, mostra todo o ritual feminino do pós-banho, costume que muitas mulheres tem de se "untar" de creme pra pele. Essa cena me faz lembrar de alguns bons momentos com uma ex namorada, que era exatamante assim e que fico me lembrando agora com um certo saudosismo, confesso!

A pintura desta tela foi muito complicada primeiro por causa do desenho. A posição da personagem central é bem difícil de se desenhar, assim como foi complicada também a composição das cores, já que desde o começo a idéia principal era não ter quaisquer detalhes de fundo, deixando a atenção única e exclusivamente na personagem, que parece levemente encabulada, como se o espectador estivesse presente naquele momento.

As cores foram escolhidas com cuidado, seguindo o padrão impressionista de sombras complementares. Explicando melhor o termo, esta é uma teoria muito usada pelo grande mestre Pierre Auguste Renoir. Eles, os pintores impressionistas, ao pintar ao ar livre observaram que as mudanças de luzes e de cores da natureza eram intensas e, utilizando apenas as cores complementares às que eram usadas em determinadas cores, estas serviam como sombras (ao invés do preto e do marrom), deixando a pintura mais clara também. "Mas que diabos são cores complementares, afinal??", vocês devem estar se perguntando agora. Lembram das cores primárias? São o vermelho, amarelo e azul, que quando duas dessas cores são misturadas, são formadas as cores secundárias (laranja, verde e roxo). Com isso, foi criado o círculo cromático (imagem ao lado) mostrando essa teoria de cores e neste círculo, cada cor do lado oposto da outra é a sua cor complementar, como, por exemplo, o roxo é a cor complementar do amarelo, assim como o laranja é a cor complementar do azul. No caso, para usar o método, Renoir usava a cor complementar mais próxima da tonalidade da cor básica (a cor real do objeto, também conhecido como meio-tom) do que queria pintar. Acho que ficou bem explicado.

Mas voltando ao assunto da tela do post, o fundo azul contrasta bem com o lençol alaranjado, com a toalha amarela chamando a atenção para a personagem, com os detalhes de sombra escurecidos com violeta e marrom (nesta parte, eu deliberadamente desobedeci o professor). Apesar de não ter ficado do jeito que eu pretendia e também ter servido como um "laboratório", algumas partes ficaram ótimas e me ajudaram bastante em trabalhos que vieram depois.

Depois do Banho II de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Unported.