Acrílico sobre tela - 30 x 50 cm - 2009
Esta é uma das minhas pinturas mais recentes e trata de um dos grandes mitos do nordeste brasileiro: Virgulino Ferreira da Silva - O Lampião.
A figura do cangaceiro já foi e ainda continua sendo motivo de muita discussão apaixonada por aí, com uma infinidade de estereótipos, lendas, exageros e idealizações. Alguns diziam ser ele o "bandido social", até mesmo comparado à uma versão sertaneja de Robin Hood ou como sendo "o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade", segundo o deputado federal Francisco Julião, em 1963. Na verdade, tudo isto não passa de versões romantizadas de um bandido astuto, corajoso e inteligente, mas que se parece mais com os traficantes de hoje em dia do que com um herói, guardadas as diferenças de épocas e meios.
É claro que a violência do cangaço surgiu (em partes) como uma consequência da violência social cometida pelo descaso político, desmandos de coronéis, polícia corrupta, religiosos aproveitadores e essas coisas que ainda hoje vêmos, mas Lampião não queria melhorar o mundo. “Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”, segundo a historiadora Grunspan-Jasmin, pensamento também defendido por Frederico Pernambucano de Mello, um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade.
A pintura usa poucas cores, todas neutras, buscando passar a impressão de antiguidade. O personagem se parece um pouco com as figuras de heróis de quadrinhos, propositalmente, pois existem muitos relatos fantasiosos de pessoas simples sobre a figura de Lampião, onde fica um pouco a impressão de que ele seria um bom personagem de quadrinhos. Diziam até que ele tinha poderes paranormais para descobrir uma emboscada antes dela acontecer!
Como sempre, pra fazer esta pintura antes eu tive que pesquisar um bocado pra que o resultado ficasse pelo menos próximo ao Lampião verdadeiro. Não sei se consegui, mas, pra variar, não faltou quem achasse que parecia um pouco comigo (ô raiva!). Fazer uma pintura sobre Lampião também remete à esta admiração que muitos ainda tem por ele, assim como com a história das cidades da região de Macaúbas, pois naquela época os cangaceiros passavam por estas vilas (pois é o que mais se pareciam estas cidades, na época), disfarçados como ciganos. Por estas e por outras, é bem provável que Lampião e seu bando tenham passado por aqui sem ser reconhecidos.
É compreensivo que personagens como Lampião, Antonio Conselheiro e outros, sejam superestimados pelo povo, pois é evidente a escassez de verdadeiros heróis. A vida para as pessoas simples do nordeste quase sempre é dura, injusta e espinhenta, assim como a vegetação do sertão. Segue abaixo algumas imagens históricas com as devidas legendas, retiradas de um livro antigo sobre Lampião que infelizmente não me lembro o nome agora, mas que vou disponibilizar em breve (na parte dos comentários).
A figura do cangaceiro já foi e ainda continua sendo motivo de muita discussão apaixonada por aí, com uma infinidade de estereótipos, lendas, exageros e idealizações. Alguns diziam ser ele o "bandido social", até mesmo comparado à uma versão sertaneja de Robin Hood ou como sendo "o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade", segundo o deputado federal Francisco Julião, em 1963. Na verdade, tudo isto não passa de versões romantizadas de um bandido astuto, corajoso e inteligente, mas que se parece mais com os traficantes de hoje em dia do que com um herói, guardadas as diferenças de épocas e meios.
É claro que a violência do cangaço surgiu (em partes) como uma consequência da violência social cometida pelo descaso político, desmandos de coronéis, polícia corrupta, religiosos aproveitadores e essas coisas que ainda hoje vêmos, mas Lampião não queria melhorar o mundo. “Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”, segundo a historiadora Grunspan-Jasmin, pensamento também defendido por Frederico Pernambucano de Mello, um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade.
A pintura usa poucas cores, todas neutras, buscando passar a impressão de antiguidade. O personagem se parece um pouco com as figuras de heróis de quadrinhos, propositalmente, pois existem muitos relatos fantasiosos de pessoas simples sobre a figura de Lampião, onde fica um pouco a impressão de que ele seria um bom personagem de quadrinhos. Diziam até que ele tinha poderes paranormais para descobrir uma emboscada antes dela acontecer!
Como sempre, pra fazer esta pintura antes eu tive que pesquisar um bocado pra que o resultado ficasse pelo menos próximo ao Lampião verdadeiro. Não sei se consegui, mas, pra variar, não faltou quem achasse que parecia um pouco comigo (ô raiva!). Fazer uma pintura sobre Lampião também remete à esta admiração que muitos ainda tem por ele, assim como com a história das cidades da região de Macaúbas, pois naquela época os cangaceiros passavam por estas vilas (pois é o que mais se pareciam estas cidades, na época), disfarçados como ciganos. Por estas e por outras, é bem provável que Lampião e seu bando tenham passado por aqui sem ser reconhecidos.
É compreensivo que personagens como Lampião, Antonio Conselheiro e outros, sejam superestimados pelo povo, pois é evidente a escassez de verdadeiros heróis. A vida para as pessoas simples do nordeste quase sempre é dura, injusta e espinhenta, assim como a vegetação do sertão. Segue abaixo algumas imagens históricas com as devidas legendas, retiradas de um livro antigo sobre Lampião que infelizmente não me lembro o nome agora, mas que vou disponibilizar em breve (na parte dos comentários).
Fontes: Lampião - o dragão da maldade
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Esta tela foi refeita... o resultado segue abaixo:
Lampião de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Unported.
Que olhar forte, que bela obra! Edu, achei este trabalho fantástico. De 0 a 10, 20. Parabéns! Vai perder a resenha do filme Austrália, porque amanhã já começo Sibéria.
ResponderExcluirBeijos,
Renata
Oi Edu, achei essa tua postagem excelente, está completa.Realçaste bem a expressão de Lampião, até parece que o conheceste pessoalmente, rrssss! Gostei também do histórico que fizeste sobre ele. Há muitas controvérsias sobre essa figura, que se tornou lendária, quase um mito.Tudo começou por causa da morte de seu pai, que foi assassinado por um fazendeiro.A polícia e os donos de terra o odiavam, mas a população sertaneja o admirava muito e muitas vezes o protegia.Dizem, que em determinada época ele recebeu apoio do Pe. Cícero,de Joazeiro(CE).Não sei, de qualquer forma,ainda hoje, é uma figura que desperta muita polêmica.
ResponderExcluirDeixando a polêmica de lado,tua postagem está mesmo muito legal ! Bjs
Olá Eduardo,
ResponderExcluirBelo trabalho em pesquisa e em tela.
Belíssimo.
Obrigada pela doce visita.
Quanto as duas torres da Igreja, vou pesquisar o pq pra vc, eu não tenho a informação correta.
Descobri que aquela cruz de madeira grande que tem ao lado da igreja(hj não existe mais) tem varias simbologias. Dentre elas de que antes da construção da igreja, padres e seus fiéis oravam ao pés da Cruz.
Assim que tiver a resposta correta trarei pra vc.
Abraços,
Cris
Respondendo:
ResponderExcluirRenata: Realmente, ficou mesmo com um olhar bem marcante. Valeu o trabalho! Bjão!
Cirandeira: Pois é... dei sorte de captar o espírito dele. Mas depois de tanto pesquisar sobre Lampião, já sei uma pá de coisas da vida dele. Na verdade, ficou mesmo marcada essa história de que ele entrou para o cangaço como resposta à morte do pai, mas o que acontece que é talvez não tenha sido bem assim... Lampião era um ótimo marketeiro dele mesmo, e essa conversa era jogada pra que seus atos fossem amenizados, segundo li.
Sobre o Padre Cícero, realmente eles se encontraram, mas não foi um evento tããão bonitinho assim... o governo queria combater a Coluna Prestes e surgiu a idéia de convocar o bando de Lampião para isso. Marcaram em Juazeiro do Norte(CE), mas o governador (ou deputado, não me lembro agora), não compareceu e coube ao padre dar a benção, dinheiro, armas e o título de capitão, que na verdade, era apenas um papel escrito, sem valor real. No fim, Lampião pegou as armas, o dinheiro, o título e nem se preocupou em encarar a Coluna Prestes. O link que eu coloquei no rodapé do post é uma matéria muito boa que saiu na revista Aventuras na História sobre o assunto e é bem completa. Depois, dê uma conferida. Valeu pelas palavras, minha querida! Bjão!!!
Cris: Obrigado, Cris! Sobre as torres da igreja do seu desenho, eu falei aquilo porque aqui onde moro aconteceu isso há muito tempo, o que acho que deve ter acontecido também no interior do país todo. Vou procurar saber como foi mesmo essa história daqui e te falo. É bem interessante saber dessas coisas, não é!? BJão!
Bom trabalho. Excecelente edição. Também por cá há um mito semelhante que deveria ser melhor conhecido: "Zé do telhado". Um grande abraço.
ResponderExcluirPerfeito, grandioso mesmo esse teu trabalho, meu amigo!
ResponderExcluirO que mais o engrandece, tanto no texto como na pintura é essa brasilidade, esse "gosto do Brasil Sertanejo". Estou querendo assistir o filme "O Baile Perfumado" que também trata do tema. Agora, tem um que eu assisti ainda menina e que nem sei se ainda está por aí, é o "Cangaceiro" com Vanja Orico e uma fotografia espantosamente realista. Vanja era filha de senador, mas uma atriz e intérprete perfeita das nossas músicas folclóricas. Tive a felicidade de revê-la, ao vivo num show, estava inteiraça e esplêndida.
Podem me chamar de saudosista, mas as nossas origens e raízes não podem, não devem ser abandonadas.
PARABÉNS!!!Bjssss
Olá, amigo:
ResponderExcluirSobre esta bela obra já falei.
Venho dizer-lhe que publiquei no Galeria sobre o filme "Angel". O post está diferente dos demais. Ofereço os meus selos personalizados e rosas, vá e os pegue.
Um abraço,
Renata
PS: Mandei os meus selos para vc por e-mail, mas como não me deu o retorno de que os havia recebido, ofereço-os de novo.
Respondendo:
ResponderExcluirPoemar-te: Obrigado!! Poxa... não conhecia o "Zé do Telhado". Realmente, em diversos países existe pelo menos uma figura do tipo, um fora da lei que se torna uma lenda viva pela boca do povo. Como todos sabem, nos Estados Unidos, por exemplo, houve Butch & Cassidy, Bonnie & Clyde, Billy - The Kid, etc.
Vanuza: Tá aí um filme que tá na minha lista faz tempo também... mas é duro achar! Esse "Cangaceiro" eu já vi também, mas o meu preferido sobre o tema é um bem mais recente (dos anos 80) com Nelson Xavier e Tânia Alves. É muito bom mesmo lembrar dessas coisas!! rs
Renata: Oi Rê! Não tinha visto ainda... vou lá dar uma olhada! Bjão!
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