Giz pastel oleoso - 27 x 35 cm - 2011
Há cerca de um ano, mais ou menos, decidi que eu iria explorar um pouco mais as possibilidades do giz pastel numa superfície diferente da tradicional, que geralmente é o papel canson pra mim. Ouvindo as pessoas, a gente descobre que tem muita gente que acha que o trabalho só pode ser feito no material apropriado. Pensar assim é o mesmo que achar que a pintura só deve ser feita em tela, por exemplo... é claro que o trabalho tende a ser desvalorizado numa eventual comercialização, mas nada impede que seja feito. A cada dia que passa, surgem diversos exemplos de obras reconhecidas que surgem feitas em materiais não-tradicionais. E pensando no que eu poderia utilizar no trabalho, uma idéia surgiu... desenhar com giz pastel em papel madeira pardo.
O papel madeira, para quem não se lembra, é aquele papel grosso vendido em papelarias para embalar caixas. Além de um pouco grosso, o papel é rugoso também, o que acaba dando um ar de tela texturizada ao trabalho. Apesar de a utilização do material parecer algo de segunda importância para mim, houve algumas críticas quanto a isso.
O tema escolhido foi o retrato do meu pai, que não sei explicar o porquê, sempre me deu muito trabalho e eu nunca conseguia um resultado satisfatório. Comecei o desenho no ano passado, explorei a luz, a expressão e deixei ele de lado, pendurado no meu ateliê. Aos poucos, eu via alguma coisa que não estava de acordo e arrumava... e assim passaram meses! Não sei se acontece isso com outros artistas, mas comigo sempre fica alguns trabalhos pela metade esperando a oportunidade (leia-se "inspiração") certa para terminá-lo. Atualmente, devo ter umas 6 pinturas nessa situação! Pois bem... passado o tempo e algumas alterações depois, há uns dias atrás decidi que já era hora de mexer pra valer nele.
Ainda que algum pequeno detalhe na fisionomia tenha escapado, o retrato ficou um pouco parecido. Escolhi uma cor de fundo que destacasse o personagem (contrastando com o tom de cor da camisa), alguns pequenos ajustes, intensificação da cor em alguns pontos e voilá... acho que agora terminou!
O meu pai (falecido em 2004) representa uma figura de importância única, que além da ligação familiar, era também um amigo, daqueles que vez por outra saia junto comigo e os meus amigos. Naturalmente, muito do que eu sou hoje eu devo a ele, que influenciou diretamente no meu conhecimento musical, no meu gosto pelas artes e foi crucial no estímulo da minha produção artística. Por uma dessas ironias do destino, ele tinha sido um desenhista frustrado que tentou o curso na Escola Panamericana de Artes em SP, em meados dos anos 70.
Voltando ao trabalho, a experiência com esse tipo de material foi muito boa e gerou outros trabalhos (que serão publicados aqui posteriormente).
Pai de Eduardo Cambuí Junior é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Unported.
Mesmo não conhecendo o teu pai, Edu, a expressão do olhar e os traços faciais ficaram
ResponderExcluirmuito bons. Pintar retratos não é tão fácil como muitos imaginam. E dá um trabalho...!
PARABÉNS!
Bjão
Muito parecido contigo Cambui!
ResponderExcluirA expressão, o cabelo...
Muito legal esse seu trabalho!
Respondendo:
ResponderExcluirCirandeira: Pois é, minha cara... retrato realmente dá muito trabalho e não é pra todos. Para qualquer um de nós, passar um mero dia sem ver um rosto é a coisa rara que há (nem que seja o nosso próprio rosto no espelho). Então, qualquer falha minúscula que seja, notaremos sem esforço, já que somos tão familiarizados com as proporções do rosto humano. Valeu... Bjão!
Diego: Pois é, Diego... o traço da família é forte! rs
(PS: cadê o teu blog, rapaz?)
Fiquei emocionada...
ResponderExcluirQue coisa mais linda e rara, amigo!
Pai e filho com tantas afinidades...
Se existir um céu, ele está por lá e super feliz pelo filho que tem. Adorei!!!
E ai meu brother
ResponderExcluirRealmente o retrato de nosso pai, ficou bem legal, mesmo fugindo um pouco dos traços rais.
Mas está de parabens !!!
Abraço
Renato Cambuí