quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

- Esquina da Rua Vermelha -

Acrílico sobre tela - 40 x 50 cm - 2018
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A pintura de hoje é mais uma cena de Macaúbas que resolvi retratar, mas, assim como já havia feito em outras oportunidades, novamente escolhi um local que foge da opção óbvia. Como já tinha comentado por aqui em outras oportunidades, presto bastante atenção ao ambiente a minha volta e sempre que encontro algo que chama a minha atenção, tiro uma foto que depois, pode muito bem ser utilizada para a produção de algum trabalho, seja por um componente que me servirá como uma fonte de referência, ou até me fornecendo o próprio tema. Neste trabalho, explorei mais a expressividade de um céu noturno num estilo expressionista / pós-impressionista, fruto de algumas experiências que venho fazendo em torno de fenômenos (no caso desta pintura, a luz) para formas mais palpáveis dentro da estética plástica do próprio trabalho.

O processo artístico

Nos últimos meses tenho produzido muitos desenhos sobre temas diversos, onde através deles eu vou fazendo as minhas experiências, alguns estudos, testando algumas ideias e analisando o seu impacto nas pessoas. Estes trabalhos são periodicamente publicados no Instagram, que ao meu ver parece ser a rede social mais adequada para este tipo de experiência (e que podem ser vistos na barra lateral deste site). Nestas experiências com os desenhos, venho observando com mais atenção formas diferentes de representar esteticamente alguns fenômenos que muitas vezes são praticamente invisíveis aos nossos olhos, como é o caso do som, do olfato, da gravidade, do magnetismo, do calor, da luz e coisas do tipo, que nem sempre são muito palpáveis. No caso específico deste trabalho, explorei o contraste de claro-escuro e os efeitos da luz e da iluminação num ambiente externo.


"Mundo Aberto"
Estas experiências com estes desenhos estão me servindo como um laboratório onde eu posso amadurecer algumas ideias em como explorar, dentro de outros temas diversos, estes fenômenos. Em um dos mais recentes, que dei o título de "Troca", o campo gravitacional é destacado quando represento a Terra e a Lua no espaço e em outro, que recebeu o título de "Mundo Aberto", o destaque é o campo magnético de um planeta, partindo para um tema mais surreal. De certa forma, estes desenhos que citei são exemplos de ideias que me levaram a encontrar uma forma de lidar artisticamente com a representação da luz numa cena noturna.

A foto que serviu como referência para a pintura
A cena que serviu de referência para a pintura foi de uma foto antiga que eu tinha tirado deste mesmo local no centro da cidade de Macaúbas, provavelmente entre 2005 e 2007. Muitas vezes eu fotografo locais, até sem grandes pretensões, e que de tempos em tempos acabo revisitando quando tenho alguma ideia para trabalhos e algumas vezes encontro algo neste acervo que acaba me servindo, o que faz com este banco de dados fotográficos de referências venha crescendo com o tempo. No caso da foto que foi a linha-guia para esta pintura, ela é bastante precária por conta das limitações técnicas da câmera (tirada na época com um celular com pouco mais de 1 megapixel de resolução), mas que me serviu para produzir esta pintura. Cenas noturnas tem me chamado bastante a atenção de uns tempos pra cá e tem sido uma fonte bastante fértil para o meu trabalho.

Referências

"Estrada com ciprestes" por Vincent Van Gogh
É muito difícil não reconhecer, especialmente observando o céu noturno desta pintura, alguma referência ao trabalho de Van Gogh, que gostava bastante de deixar muitos elementos de sua pintura bem marcados, como acontecia com o céu, fundos, e etc., mas, diferente da obra de Van Gogh, minha pintura não é nem de perto tão texturizada como a dele, com seus relevos formados com a própria tinta. Na verdade, eu acho que a minha pintura é exatamente o oposto, com a aplicação da tinta bastante diluída e muitos efeitos de esfumaçado (o sfumato de Da Vinci).

Apesar de, numa primeira olhada, o trabalho parecer simplesmente uma entre as inúmeras obras que existem imitando as características de Van Gogh, as possibilidades que encontrei de abordagem se mostraram bastante grandes e que provavelmente vão gerar outros tantos frutos em breve. Ainda estou estruturando melhor estas ideias para que estes futuros trabalhos saiam como eu tenho em mente, o que vem me estimulando a pesquisar sobre diversos assuntos, nos mais diferentes campos.

A Obra

Retratar cenas urbanas tem uma característica bem interessante, do ponto de vista documental, já que com o passar dos anos um mesmo local sofre inúmeras mudanças de estrutura, alguns mais e outros menos. Neste mesmo local que foi retratado, já é possível encontrar mudanças significativas, como é o caso da antiga casa verde da esquina que hoje já não existe mais e que são coisas que não temos a menor chance de prever quando as fotografamos.

A pintura me agradou bastante, não apenas pelo resultado, mas por abrir os meus olhos para perceber a quantidade de possibilidades de abordagem de coisas aparentemente banais, mas que estão muito presentes no nosso dia a dia. Esteticamente, o jogo de luz e sombra que a iluminação do poste exerce no ambiente é bastante atrativa, mas que exige bastante da observação no momento da produção.



Imagem da obra de Van Gogh: Google




Licença Creative Commons
"Esquina da Rua Vermelha" de Eduardo Cambuí Junior está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em http://www.arteporparte.com/p/contato.html.




2 comentários:

  1. Meus parabéns,gostei muito da pintura.
    Sempre gostei de pinturas simples que retratam o cotidiano da população mais simples.

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