terça-feira, 31 de março de 2015

- Homem de Lata -

Lápis Dermatográfico - 20 x 30 cm - 2015
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Quem acompanha o Arte por Parte ou é mais próximo a mim, sabe que 2014 foi um ano bem complicado. O falecimento repentino da minha esposa e um filho pequeno pra criar foram situações que me fizeram reavaliar muitas coisas e naturalmente me obrigou a me adaptar a esta nova realidade, ajudado também pelo velho remédio chamado "tempo" que vai se encarregando de recolocar tudo nos eixos aos poucos. O desenho de hoje foi escolhido porque, de certa forma, acho que ilustra um pouco do que se passava comigo (e ainda se passa um pouco), sob o aspecto emocional, desde o momento do acontecido (o vazio do homem de lata), além de ser também um personagem marcante de um dos maiores clássicos do cinema, "O Mágico de Oz".

segunda-feira, 23 de março de 2015

- A Leitora -

Acrílico sobre tela - 50 x 60 - 2014
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Eu já havia comentado aqui no Arte por Parte anteriormente que certas pinturas, por vezes, demoram mais do que o normal desde o início até a sua conclusão por variados fatores… a pintura de hoje foi um desses casos. Geralmente a ideia surge e leva um tempo até sair do papel para a tela. Acho que até cabe encarar este processo quase como uma gestação. Neste caso específico, foi uma gestação bem longa! O processo artístico passa por algumas fases e em grande parte das vezes se inicia (para mim, obviamente) quando eu escrevo a ideia em algum lugar para só depois fazer um pequeno esboço, quando ele é feito (o que muitas vezes não acontece). Até este desenho ser desenvolvido na tela, muitas outras coisas acontecem. É o desenho que tem que ser bem pensado (o que confesso que nem sempre acontece como deveria), a escolha de boas referências (quando é necessário), a perspectiva, a escolha das cores, enfim, tudo que envolve o contexto. Quando estamos iniciando na pintura, o pequeno fato de iniciar um trabalho numa tela em branco se torna quase como um ato de coragem... sempre fica latejando no subconsciente a pequena dúvida de saber se vai dar certo, se não vamos estragar a tela rabiscando alguma ideia que pode não funcionar, entre outras coisas que simplesmente devemos ignorar para que tudo possa dar certo... é claro que, com o tempo de prática e o autoconhecimento de nossas capacidades, essas dúvidas vão se desintegrando e não surgem mais.

segunda-feira, 9 de março de 2015

- Indicação de Livro - Desconstruir Duchamp -

Depois de algum tempo de paradeira por aqui, vamos voltando com uma seção que, como já tinha dito na primeira publicação do gênero, é algo que pretendo fazer mais vezes no Arte por Parte, que são as indicações. Funciona até para alternar entre os trabalhos que são publicados e fugir um pouco do foco do meu trabalho, além de julgar que este tipo de publicações sempre ajuda alguém, seja artista, aprendiz, formando, etc. O indicado de hoje será:

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Livro: Desconstruir Duchamp - A arte na hora da revisão
Editora: Vieira & Lent
Autor: Affonso Romano de Sant'anna
N° de Páginas: 204
Ano: 2003
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Sinopse: Diferentemente das obras que apresentam a história da arte moderna, os textos do escritor e crítico Affonso Romano de Sant'Anna olham a arte dos últimos 150 anos não com o olhar saudoso e complacente, mas como um esforço para afastar o entulho e descortinar outros caminhos.

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Uma vez, publiquei aqui no Arte por Parte (no post "Pensando Alto") sobre a loucura que virou a arte atual, onde o argumento parece valer mais do que a obra. Neste post citei o trabalho de artistas como Piero Manzoni, Win Delvoye (especificamente sobre a obra "Cloaca Machine") e Martin Kippenberger (pela obra "Quando começa a gotejar do teto") como exemplo de obras que foram vendidas por fábulas de dinheiro, mas que são, no mínimo, questionáveis. Visitar estas exposições é, tomando emprestado as palavras do próprio Affonso Romano, como ver um gato preto num quarto escuro que na verdade nem está lá. E a culpa é de quem? O suspeito principal, responsável por nos conduzir a este beco sem saída em que a arte se meteu se chama Marcel Duchamp, como o autor  do livro indicado sugere.