Giz pastel - Tamanho A3 - 2007
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O desenho de hoje tinha sido feito em 2007, mas há pouco tempo, observando melhor este trabalho, resolvi que era preciso dar um retoque geral e ficou bem melhor do que estava. Achei que faltava carregar mais nas cores, acentuar os contrastes, criar mais dramaticidade nas expressões, entre outros pontos que receberam mais atenção. O giz pastel é um material que consegue criar bons efeitos, é bem gostoso de trabalhar e ajuda a criarmos um senso melhor de mistura de cores (para os que estão iniciando na pintura). Antes deste período eu já tinha feito uma série de desenhos por experiência com o giz de cera, para só depois passar para o giz pastel, como já tinha comentado em outras oportunidades por aqui.
Escolhi retratar neste desenho uma situação que muita gente se depara nas cidades brasileiras (não só as brasileiras, diga-se de passagem) que são os pedintes. Se perguntarmos para cada um o que acham das esmolas, muitas respostas causariam polêmicas. Normalmente vem a tona a questão da acomodação, se o dinheiro será bem empregado ou se será para o fim do qual foi pedido, surge também o pré julgamento do indivíduo pela sua aparência, pelos seu comportamento, enfim, é um assunto muito polêmico, principalmente nas metrópoles onde muitos tendem a encarar o problema como um ônus para a imagem pública da cidade, mas se cenas assim ainda acontecem hoje, há um motivo para isto. A resposta para a solução do problema é muito mais fácil, teoricamente, do que a ação real para combater o problema em si (a miséria), que depende de dois fatores extremamente imprevisíveis e ilógicos: o povo e os políticos. "Afinal, como ajudar de forma sustentável?", talvez esta seja a pergunta mais "na moda" hoje em dia, quando se trata deste assunto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0ylCnc3B1hFHvVX1bBp3jBDTe63HMfsKed02V7YspN2qT-qtT0dOkRZ1U-l9psiHKbwS_y-4zP8lGGTrhYs1-ChbkPllS_04VBUVTTXuq-q4dLsku8JF6OwkEiudHhQpekRYN8TmW1kQ/s1600/mendigo.jpg)
Até chegar nas expressões que eu queria para os personagens deste trabalho, naturalmente foi preciso que houvesse um pouco de pesquisa, que sempre é muito importante, até mesmo para deixar o trabalho mais rico em detalhes. Busquei na internet imagens de mendigos, de expressões, comecei a prestar mais atenção na fisionomia das pessoas que cruzavam o meu caminho nas ruas, folheei diversas revistas antigas, livros, fotos antigas de família, explorei um pouco pessoas próximas a mim e até mesmo, usei um pouco do meu próprio reflexo no espelho para chegar na expressão certa.
Referências
Não é novidade nenhuma a minha admiração pelo trabalho do francês Edgard Degas, inclusive no que se refere ao uso do giz pastel. Quando se fala em pinturas retratando bailarinas, mulheres após o banho, situações íntimas femininas e afins, é bem fácil lembrar da obra de Degas, inclusive criando no imaginário das pessoas a imagem de que o artista era um apaixonado pelo universo feminino, mas na verdade muitos historiadores sugerem que o mestre francês era misógino (tinha aversão às mulheres), encarando suas modelos apenas como meros objetos retratados. Ninguém é perfeito!
Retratar cenas do dia a dia, assim como Degas fazia, é algo muito interessante, até mesmo como um registro do que você vive. Um outro artista que também influenciou bastante a produção deste trabalho foi o artista norte americano Norman Rockwell que era mestre em retratar cenas cotidianas, inclusive fazendo isto com muito bom humor. No caso do trabalho deste post, não há o mesmo humor... talvez exista até uma certa ironia disfarçada pela expressão pedante do homem que é abordado pela criança, que reage com uma expressão apreensiva e carente.
![Licença Creative Commons](https://i.creativecommons.org/l/by-nd/4.0/88x31.png)
"Esmola" de Eduardo Cambuí Junior está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Não é novidade nenhuma a minha admiração pelo trabalho do francês Edgard Degas, inclusive no que se refere ao uso do giz pastel. Quando se fala em pinturas retratando bailarinas, mulheres após o banho, situações íntimas femininas e afins, é bem fácil lembrar da obra de Degas, inclusive criando no imaginário das pessoas a imagem de que o artista era um apaixonado pelo universo feminino, mas na verdade muitos historiadores sugerem que o mestre francês era misógino (tinha aversão às mulheres), encarando suas modelos apenas como meros objetos retratados. Ninguém é perfeito!
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"No Swimming" de Norman Rockwell |
A obra
Voltando ao assunto do trabalho, escolhi utilizar como predominante tons de cores frias para o ambiente e roupas dos personagens e mesmo que os rostos tenham ficado iluminados e sem tanta influencia das cores em volta, acho que ainda assim consegui transmitir um ar sombrio mais de acordo com o tema. As expressões também me agradaram bastante e saiu de acordo com o que eu tinha imaginado desde o princípio. Esta não é a primeira vez que trato deste tema nos meus trabalhos (já aconteceu antes em "Tensão" e em "Fome", este último ainda não publicado aqui) e provavelmente não será a última vez, pois é um tema bem fértil e expressivo, o que pode gerar bons frutos.
![Licença Creative Commons](https://i.creativecommons.org/l/by-nd/4.0/88x31.png)
"Esmola" de Eduardo Cambuí Junior está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Muito bom, Edu, inclusive o texto que escreveste. Acho bem interessante a pesquisa que fazes antes do trabalho. Parabéns!!!
ResponderExcluirQue bom poder comentar sem o Google + (risos)
beijão
Valeu, Ci! A ideia é justamente esta mesmo... mostrar que antes do produto final (a arte), muita coisa acontece. E sobre o Google+, eu também fico louco com essa forçada de barra que eles fazem...
ExcluirBjão!!